Mulheres no Mercado da Carne: A Ascensão Feminina em um Setor Tradicionalmente Masculino

Imagine uma jovem mulher, de mãos firmes e olhar determinado, empunhando uma faca afiada enquanto transforma cortes de carne com a precisão de um artesão. Essa cena, que outrora poderia ser rara, hoje representa uma realidade crescente: a ascensão das mulheres no setor de carnes, desde açougues urbanos até vastas fazendas de pecuária.

Por muito tempo, o trabalho com carnes foi visto como uma atividade exclusivamente masculina, associada à força bruta e ao ambiente predominantemente rústico dos açougues e frigoríficos. No entanto, essa realidade tem mudado. Cada vez mais, as mulheres estão conquistando espaço e revolucionando o mercado, trazendo técnica, inovação e um olhar diferenciado para um dos setores mais tradicionais do país.

E na Beef Bistrô, essa mudança se reflete diretamente na essência da marca. Fundada por Fabiola, a loja nasceu do desejo de ressignificar a experiência do consumidor com a carne, trazendo sofisticação, cuidado e um atendimento especializado, desafiando o modelo tradicional dos açougues e elevando o status dos cortes nobres no Brasil.

A Presença Feminina no Agronegócio Brasileiro

No Brasil, o agronegócio sempre foi um pilar econômico, e a participação feminina nesse setor tem ganhado destaque. De acordo com dados do Censo Agropecuário de 2017 do IBGE, aproximadamente 19% das propriedades agropecuárias no país são geridas por mulheres, totalizando mais de 947 mil. A maioria dessas gestoras está na região Nordeste (57%), seguida pelo Sudeste (14%), Norte (12%), Sul (11%) e Centro-Oeste (6%) (Avisite).

Essas mulheres não apenas administram propriedades, mas também implementam práticas sustentáveis e inovadoras, contribuindo significativamente para a economia e a segurança alimentar do país. Seja no comando de fazendas de gado, em processos de rastreabilidade da carne ou no desenvolvimento de novas tecnologias para a pecuária, a presença feminina tem sido um diferencial estratégico para o setor.

Mulheres na Indústria de Carnes e Frigoríficos

A indústria de carnes, especialmente nos frigoríficos, também tem testemunhado uma crescente participação feminina. Segundo dados do sindicato CNTA Afins, as mulheres representam cerca de 41% do total de trabalhadores empregados no setor de frigoríficos (Esquerda Diário). Elas ocupam funções que antes eram predominantemente masculinas, desde a linha de produção até cargos de liderança.

Contudo, essa inserção não acontece sem desafios. As trabalhadoras enfrentam jornadas exaustivas, riscos à saúde e condições de trabalho que impactam diretamente sua qualidade de vida. Casos de lesões por esforço repetitivo, exposição a baixas temperaturas e assédio moral são algumas das adversidades enfrentadas por essas profissionais (ResearchGate).

Ainda assim, com cada vez mais mulheres assumindo postos de comando, o setor vem passando por transformações importantes, incluindo melhores condições de trabalho e oportunidades de crescimento profissional.

O Papel das Mulheres no Mercado de Carnes Nobres e Açougues Premium

Se no passado o ambiente dos açougues era associado ao trabalho masculino, hoje essa barreira tem sido rompida. No mercado de carnes nobres e boutiques especializadas, a presença feminina tem sido um grande diferencial.

Mulheres açougueiras estão ganhando reconhecimento por sua precisão nos cortes, conhecimento técnico sobre as diferentes texturas e marmoreios da carne e, sobretudo, por proporcionarem um atendimento mais personalizado e didático ao cliente.

A curadoria cuidadosa na escolha dos fornecedores, o olhar criterioso para garantir qualidade e o desejo de educar o consumidor sobre as melhores formas de preparo da carne têm sido marcas registradas de muitas profissionais que ingressaram nesse universo.

Iniciativas de Empoderamento e Liderança Feminina

Para fortalecer a atuação feminina no setor, diversas iniciativas têm sido implementadas. Um exemplo é o movimento “Pecuária Feita por Mulheres”, idealizado por Carolina Barretto. O projeto visa criar uma força feminina na produção de carne bovina, promovendo conhecimento, networking e oportunidades de negócios para mulheres que atuam na pecuária (Produzindo Certo).

Eventos como o “Elas na Pecuária” também têm ganhado destaque. Realizado em Campo Grande (MS), o encontro reuniu mulheres de diferentes funções e elos da cadeia produtiva da carne bovina para debater a representatividade feminina na comunicação do agro e outros temas relevantes (Beckhauser).

Essas ações demonstram que, além de estarem conquistando espaço, as mulheres no setor de carnes estão se organizando para apoiar umas às outras e transformar a estrutura do mercado.

Desafios e Perspectivas Futuras

Apesar dos avanços, as mulheres no setor de carnes ainda enfrentam desafios significativos. A dupla jornada de trabalho, os preconceitos de gênero e a necessidade constante de provar sua competência são barreiras que precisam ser superadas. No entanto, com o aumento de iniciativas de empoderamento, capacitação e a crescente visibilidade dessas profissionais, o futuro aponta para uma maior equidade e valorização da mulher no setor de carnes.

E essa valorização não é apenas um discurso – é uma realidade que já colocamos em prática na Beef Bistrô. Nossa essência nasceu justamente da visão de uma mulher que decidiu reinventar a forma como a carne é apresentada e valorizada no Brasil. Como fundadora, Fabiola trouxe um olhar diferenciado para o setor, rompendo com a imagem tradicional dos açougues e apostando em um modelo sofisticado, que respeita a nobreza do produto e entrega uma experiência única aos clientes.

A presença feminina no setor de carnes vai muito além da operação – ela está na liderança, na curadoria, na experiência e na maneira como cada detalhe é pensado para o consumidor. Na Beef Bistrô, a carne não é apenas um produto, mas uma história de tradição, inovação e excelência, construída por mãos que desafiam padrões e redefinem o futuro desse mercado.

Se há um novo caminho para as mulheres no setor de carnes, ele passa por iniciativas como a nossa. E esse é só o começo.